Os fotopintores foram enquadrados, por décadas, numa categoria fotográfica chamada de popular. A profissão era bastante presente no nordeste brasileiro, principalmente, no sertão cearense. Tema de teses acadêmicas e documentários, esses fotopintores foram desaparecendo por vários motivos. Principalmente, pelo processo de digitalização da fotografia.
Agora, os poucos que restam fazem suas fotopinturas no Photoshop e procuram difundir a profissão para filhos e aprendizes. Um desses casos é o cearense Júlio dos Santos (1944), conhecido como Mestre Júlio. O Áureo Studio, seu ateliê em Fortaleza, já teve muitos funcionários e, hoje, Mestre Júlio tentar perpetuar seu ofício em oficinas pelo Brasil.
Nos últimos três anos, a fotopintura ganhou um novo status. O projeto “Fotopintura Contemporânea” foi exposto em 2010 na mostra “Uncertain Brasil”, no festival chinês de fotografia Pingyao International Photography. A exposição contava com retratos de pacientes de um hospital psiquiátrico, feitos pelo fotógrafo pernambucano Luiz Santos e modificados por Mestre Júlio, que neles apresenta uma linguagem diferente da habitual, carregada nas sombras e cores fortes.
Também em 2010 foi lançado o livro Júlio dos Santos – Mestre da Fotopintura (Tempo d’Imagem, 2010, 84p.) e a partir de uma pesquisa apurada do curador Eder Chiodetto, a fotopintura migrou de coleções privadas para o olhar público como aconteceu em recente exposição na Galeria Estação, em São Paulo. A mostra reunia 150 fotopinturas da coleção do sociólogo alemão Titus Riedl, que mantém um acervo com mais 5.000 fotopinturas.
As fotopinturas deste post ilustram as várias fases da carreira de Mestre Júlio e se valem ainda do acervo de Titus Riedl
Alexandre Belém
Alguns curtas que retratam o ofício do fotopintor:
“Retrato Pintado” de Joe Pimentel (Ficção, 2000, 13 minutos)
“Câmera Viajante” de Joe Pimentel (Documentário, 2007, 20 minutos)
Comentários
Postar um comentário